Paulo Sergio Duarte
à propósito da exposição na Galeria Maria de Lourdes Mendes de Almeida
Em nossa sociedade a mercadoria por excelência não é mais o ouro e sim a obra de arte. Se o ouro, ou melhor, o dinheiro, sempre foi o equivalente geral para a economia, hoje a obra de arte representa um trabalho intelectual especial num momento em que a produção de valor está sobretudo no trabalho intelectual. Ela passa a ser valorizada de uma maneira que Duchamp, que questionou sua sacralização, não poderia prever (pois o tubarão em formol é mais cultuado do que virgens milagrosas). Nesse contexto, a relação estética com a obra, estigmatizada pela arte contemporânea, fica muito difícil.
Estranha a esse movimento, a obra de Vera Bernardes escapa ao regime da fruição de multidões. Ela solicita uma certa solidão e um contato direto. A impressão que tenho cada vez que olho a exposição é de que alguma coisa está nascendo. Segundo a colocação de Derrida, de que existe a verdade na arte, a obra de Vera nos coloca em contato com essa verdade.
jul. 2013